Em 1648, um século e meio depois do descobrimento do Brasil, o episódio de GUARARAPES revela a gênese de nossa nacionalidade, sagrado ideal que reúne brancos, índios e negros, conjurados livremente, para defender a Pátria e expulsar o invasor estrangeiro.
Dessa união, da noção de pertencer à terra, da necessidade de proteger
nossa gente, nossas famílias e nossas riquezas, nascia uma Nação e, com ela, um
Exército. Florescia a percepção de unidade em torno de um projeto, verdadeira força
centrípeta capaz de garantir o amálgama que resultaria na integridade do território, na
unidade nacional e no delineamento de rumos em direção a um destino de grandeza,
prosperidade e felicidade para sua gente.
Não haveria maior exemplo do que esse para identificar um País que, com o
passar do tempo, evoluiu em sua consciência para, apegado às suas raízes, acalentar
o sonho de construir uma sociedade próspera e justa no Novo Mundo.
O Exército que emergiu em Guararapes nunca esteve distante desse conceito.
Exército que é o mais puro e fiel retrato de seu povo. Exército que foi construído, com
simplicidade e altivez, pelo exemplo de homens e mulheres oriundos de diversificadas
camadas sociais. Exército de todas as raças, de glórias, desafios e sacrifícios.
Nossa Força Terrestre foi sempre a síntese da entrega total à Pátria,
participando, inicialmente com a Marinha e mais tarde também com a Força Aérea,
nossas Forças coirmãs, dos mais importantes episódios da história do Brasil.
Trezentos e sessenta e nove anos depois de Guararapes, a jovem República
Brasileira continua contando com seu Exército em sua marcha em direção ao futuro.
Onde for necessária a presença do Estado Brasileiro, lá estarão os soldados!
Do Caburaí ao Chuí, do Acre à Ponta do Seixas. Defendendo nossa soberania,
vigiando a fronteira, distribuindo água, abrindo estradas, protegendo índios,
preservando o meio ambiente, guardando as riquezas, assistindo a população,
garantindo a lei e a ordem ou promovendo a paz em nações irmãs.
Vivemos um tempo, no entanto, em que a coincidência de crises extensas e
profundas trazem risco inédito aos sonhos de Guararapes.
Apesar dos esforços dos Governos, o colapso da segurança pública nos
cobra dezenas de milhares de vidas por ano; a aguda crise moral, expressa em
incontáveis escândalos de corrupção, nos compromete o futuro; a ineficiência nos
retarda o crescimento; a ausência, em cada um de nós, brasileiros, de um mínimo
de disciplina social, indispensável à convivência civilizada; e uma irresponsável
aversão ao exercício da autoridade oferecem campo fértil ao comportamento
transgressor e à intolerância desagregadora.
Essa crise fere gravemente a alma da nossa gente, ameaça nossa
própria identidade nacional, deprime-nos o orgulho pátrio e, mais grave, embaça
a percepção de nosso projeto de Nação, dispersando-nos em lutas por interesses
pessoais e corporativos sobrepostos ao interesse nacional.
Nossa gente não é assim e não merece isso!
Este momento tão grave não pode servir a disputas paralisantes;
pelo contrário, ele exige, do povo e de suas lideranças, a união de
propósitos que nos catalise o esforço de regeneração, para reestabelecer
a esperança e a confiança que nos permita identificar nossos
objetivos comuns e reconstruir, a partir daí, o sentido de
projeto de Nação que nos legaram os heróis de Guararapes.
Não há atalhos fora da Constituição! O caminho a ser seguido requer
a sinergia de todos. O Exército de ontem, de hoje e de sempre olha para o futuro,
transformando-se com seus Projetos Estratégicos, como o Sistema Integrado de
Vigilância de Fronteiras (SISFRON); a adoção do blindado Guarani, de fabricação
nacional; o desenvolvimento de plataformas de mísseis de longo alcance, como o
Astros 2020; e a implantação do Comando de Defesa Cibernética; ao mesmo tempo
que implementa um meticuloso processo de racionalização, aceitando os desafios
da nova Era.
O País, seu povo e seu Exército não sucumbirão ao pessimismo e à
desagregação. Somos feitos da mesma têmpera!
Temos fé nos valores da democracia, na nossa gente, na resiliência que nos
fez vitoriosos tantas vezes e na cordialidade que requer respeito às desigualdades e
diferenças.
Acreditamos na hierarquia e na disciplina, como preceitos fundamentais de
um Exército verdadeiramente leal à sociedade a que serve e defende.
Unamo-nos todos, portanto, tal como nos conclama a Canção dos Cadetes,
da Academia Militar das Agulhas Negras: “Irmãos brasileiros formai entre nós.
Brasileiros sois todos vós!”.
Brasília, DF, 19 de abril de 2017
General de Exército Eduardo Dias da Costa Villas Bôas
Comandante do Exército
Comandante do Exército
Agradeço a Deus, Todo Poderoso, Senhor dos Exércitos, pela oportunidade de ter cumprido a minha Missão e pela certeza que muitos outros também a cumprirão.
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